terça-feira, 17 de agosto de 2010

Questões de Morfossintaxe

Caro colega,

Gostaria de compartilhar algumas questões que abordam a morfossintaxe.
Os comentários, eu os farei depois, a fim de que haja tempo para vocês resolverem as questões e postarem suas dúvidas.

Grande abraço,
Josué Alves.

QUESTÕES DE MORFOSSINTAXE
(UnB/CESPE – CÂMARA) “Atividade principal da sua mais recente temporada londrina é a familiarização com a bibliografia a respeito do escravismo colonial. Isso lhe permite escrever um livro da qualidade de O Abolicionismo — a reflexão mais coerente, profunda e completa já feita no Brasil acerca do assunto.”
Em relação ao texto, julgue o item a seguir.
1 ( ) No trecho “Isso lhe permite escrever”, o pronome sublinhado exerce a função de objeto indireto e poderia ser substituído pela expressão a ele.
(UnB/CESPE – SMF/2008) “Na verdade, em se tratando de fato envolvendo o fisco, facilmente se aceita como verdadeira a imputação feita a alguém. Dessa forma, suponho que esse fenômeno derive do fato, generalizado, de estabelecer-se sinonímia entre contribuinte e sonegador.”
Com base no texto acima, julgue o item a seguir.
2 ( ) Com relação à representação do sujeito da oração, no segmento “em se tratando de fato”, o sujeito é indeterminado, diferentemente do que ocorre no segmento “estabelecer-se sinonímia”, em que o sujeito é “sinonímia”.
(UnB/CESPE – MPU) “Feliz quem pode orgulhoso dizer: – Nunca fui vadio.”
Com base no texto, julgue o item a seguir.
3 ( ) O adjetivo ''orgulhoso'' está exercendo a função de predicativo do objeto, ao passo que “Feliz'' e "vadio" são adjetivos que exercem as funções de predicativos de seus sujeitos.
4 ( ) "Nunca" é um advérbio que atualiza as circunstâncias de tempo e de negação, simultaneamente.
(UnB/CESPE – PM SE – 2006) “Ambição e felicidade seguem estradas opostas, que nunca podem se encontrar.”
“Se quiseres enriquecer alguém, tira-lhe ambições. Tudo é quimérico na ambição, pois tudo é efêmero na vida.”
Em relação ao texto, julgue o item a seguir.
5 ( ) O verbo “tirar”, no provérbio, tem como complementos dois objetos diretos.
(UnB/CESPE – TRE/AL) “É no intercâmbio de leituras que se refinam, se reajustam e se redimensionam hipóteses de significado”
Em relação ao texto, julgue o item a seguir.
6 ( ) O sujeito sintático (gramatical, formal) das formas verbais “refinam”, “reajustam” e “redimensionam” é “hipóteses de significado”.
(UnB / CESPE – INDEA/MT) “Alguns pesquisadores já haviam sugerido que interações com a água não estariam envolvidas no mecanismo de fixação da lagartixa à superfície. Em estudos mais recentes, eles comprovam essa hipótese e mostram que as forças de Van der Waals são as responsáveis por esse processo. “Quando materiais polarizáveis se aproximam bem, eles sempre aderem entre si por forças de Van der Waals”, explica Autumn.
Em relação ao texto, julgue o item a seguir.
7 ( ) A passagem ‘Quando materiais polarizáveis se aproximam bem, eles sempre aderem entre si por forças de Van der Waals’ tem o mesmo sujeito semântico nas duas orações, embora sintaticamente estejam representados de forma diversa.
(UnB/CESPE – SEPLAG/DF) Óbito do autor – “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferentes métodos: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria mais galante e mais novo.” Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Editorial Santiago. Edição especial, 1988, p. 5 (com adaptações).
Em relação ao texto, julgue o item a seguir.
8 ( ) No texto, a posição dos elementos constituintes em “autor defunto” e “defunto autor” determina, com implicações semânticas, as diferentes funções (substantiva ou adjetiva) que as palavras “autor” e “defunto” desempenham nessas expressões.
(UnB/CESPE – SEPLAG/DF – 2008) “Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser — se viu —; e com máscara de cachorro.”
Em relação ao texto, julgue o item a seguir.
9 ( ) No vocábulo “erroso”, neologismo formado por processo de derivação, o sufixo -oso, formador de adjetivo, foi acrescido a radical nominal, por analogia com o processo de formação dos vocábulos enganoso, ditoso, gostoso, por exemplo.
(UnB/CESPE – Curso de Formação de Soldado Combatente – 2010) “No Brasil, há muitos políticos que, embora rejeitados por muitos, acabam sendo eleitos por poucos, lamentavelmente com votos suficientes para ganhar o cargo. (...) Mas a principal vantagem seria fazer funcionar plenamente a democracia, ao dar ao eleitor aquilo que a distingue, o direito de oposição legal.”
10 ( ) A formação dos vocábulos “lamentavelmente” e “plenamente” ocorre de maneira idêntica: a partir do acréscimo do sufixo -mente a um adjetivo.
11 ( ) (UnB / CESPE – MPRR) O sufixo “-mente” é empregado para formar advérbios de modo e de tempo, como em “lamentavelmente” e “plenamente”.
12 ( ) O trecho “o direito de oposição legal” exerce a função de complemento da forma verbal “dar”.
(UnB/CESPE – Curso de Formação de Soldado Combatente – 2010) “Ainda não há previsões para o resultado de 2009, quando a indústria recicladora começou a se recuperar da crise econômica, tampouco estimativas para este ano.”
13 ( ) No texto, o termo “previsões para o resultado de 2009” é sujeito da forma verbal “há”.
14 ( ) O vocábulo “tampouco” equivale a muito menos e é empregado, no texto, para reforçar uma negação.
(UnB/CESPE – Banco do Brasil S.A.) “As políticas fiscal e monetária contribuíram para fortalecer os fundamentos econômicos, limitando os impactos inflacionários da depreciação cambial.
Com base no texto, julgue o item que se segue.
15 ( ) Seria igualmente correto substituir o trecho “As políticas fiscal e monetária contribuíram” por A política fiscal e monetária contribuiu, A política fiscal e a monetária contribuíram ou As políticas fiscais e monetárias contribuíram.
(UnB / CESPE – SERPRO) Para a maior parte dos governos, grupos ou indivíduos que não conseguem administrar a diferença e aceitá-la como constitutiva da nacionalidade, ela tem de estar contida no espaço privado, em guetos, com maior ou menor repressão, porque é considerada um risco à identidade e à unidade nacionais.
Com base no texto, julgue o item que se segue.
16 ( ) O adjetivo “nacionais” está no plural por referir-se a dois substantivos que se lhe antepõem; todavia, poderia, nessa posição, permanecer no singular, sem que com isso ocorresse erro de concordância.
(UnB/CESPE – SEPLAG/DETRAN/DF)
Excelentíssima Senhorita:
1. O abaixo-assinado, aluno compulsivo de cursos preparatórios para concursos públicos, dotado da esperança férrea de se tornar brevemente um eminente funcionário público, vem, mui respeitosamente, por meio desta informar a Vossa Senhoria que se inscreveu para o provimento de vaga no cargo de Analista de Trânsito do DETRAN/DF, e, por esse relevante motivo, suspende por tempo indeterminado o noivado que mantém com a Excelentíssima Senhorita, para se dedicar integralmente ao estudo das matérias constantes do respectivo edital.
2. Aproveito o ensejo para manifestar-lhe também, outrossim, a intenção de retomar, tão logo seja aprovado, minhas funções de noivo junto a Vossa Excelentíssima, haja visto o grande amor que te devoto.
17 ( ) No segundo parágrafo, o advérbio “outrossim”, frequente em expedientes oficiais, está empregado de forma redundante por estar antecedido do advérbio “também”.

AS RELAÇÕES SINTÁTICAS E OS CONECTIVOS COMO ELEMENTOS DE COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS NAS PROVAS DE CONCURSOS PÚBLICOS

O emprego dos conectivos é um dos assuntos mais recorrentes em provas de concursos públicos na área de Língua Portuguesa, tanto é verdade que, em 28/6/2009, no concurso para Assistente Técnico-Administrativo do Ministério da Integração Nacional, realizado pela UnB/CESPE, das 25 questões de Português, 7 se referem diretamente ao emprego de conectivos – o que corresponde a, exatamente, 28% (vinte e oito por cento) da prova de Língua Portuguesa. Convenhamos que esse dado é relevante.

Ora, como se sabe, os conectivos, do ponto de vista gramatical, são formas gramaticais que estabelecem ligação entre dois termos de uma oração, ou entre orações em um período. Do ponto de vista linguístico, os conectivos, além de garantir a coerência do texto, são primordiais como elementos de coesão textual, porquanto explicitam as relações entre as ideias, tornam o texto mais claro e fácil de ser entendido.

Com efeito, a coesão e a coerência representam dois princípios fundamentais da textualidade, bem como ponto de partida para a compreensão de um texto. Importa lembrar que a coesão se manifesta no nível microtextual e se refere ao modo como os vocábulos se ligam em uma sequência textual. Evidencia-se, portanto, a coesão por meio do emprego de diferentes procedimentos no campo do léxico e no da gramática, entre os quais se inclui o emprego dos conectivos. Interessa-nos, nesse artigo, lembrar que os conectivos – em particular as conjunções coordenativas e subordinativas – são responsáveis pela coesão sequencial em determinado texto, pois que asseguram não a progressão do texto, como também o encadeamento das ideias.

Ligada à compreensão e à possibilidade de interpretação do texto, a coerência textual, por sua vez, manifesta-se no nível macrotextual e diz respeito à relação que se estabelece entre as partes de um texto, criando, assim, uma unidade semântica. Nesse sentido, a coerência pressupõe a não contradição de sentidos entre as partes do texto, assim como a existência de continuidade semântica.



RELAÇÕES SINTÁTICAS: COORDENAÇÃO, SUBORDINAÇÃO E CORRELAÇÃO


A Nomenclatura Gramatical Brasileira – NGB reconhece a existência de dois processos sintáticos: a coordenação e a subordinação. Contudo, alguns estudiosos reconhecem ainda um terceiro tipo de relação sintática, na qual há um vínculo sintático-semântico entre os constituintes do sintagma: a correlação. Trata-se a correlação de um tipo de conexão sintática de uso relativamente frequente, particularmente útil para emprestar mais vigor a um raciocínio. São exemplos de correlação: 1) correlativa aditiva enfática (não só ... mas também / tanto ... quanto / tanto ... como etc.); 2) correlativa alternativa (ou ... ou / seja ... seja / quer ... quer / ora ... ora etc.); 3) correlativa consecutiva (tal ... que / tanto ... que / tamanho ... que / tão ... que); 4) correlativa comparativa (tanto ... quanto / tanto ... como / tal ... qual / tal ... como / mais ... que/ mais ... do que etc.).

Coordenação (ou parataxe), em gramática, refere-se ao processo ou à construção em que unidades linguísticas (palavras, sintagmas, frases, períodos) de função equivalente são ligadas em uma sequência, formando o que se entende por paralelismo ou simetria sintática. Os termos coordenados podem ser justapostos e, na escrita, separados por vírgula (por exemplo: justiça rápida, eficaz) ou ligados por conjunção coordenativa (por exemplo: justiça rápida e eficaz).
Convém assinalar que a coordenação torna o texto mais ágil e mais compreensível para o leitor; contudo, o uso exclusivo de coordenação tende a torná-lo telegráfico, caracterizado pela eliminação de conjunções, muitas das quais indispensáveis para o entendimento da mensagem.

Subordinação (ou hipotaxe), em gramática, consiste em uma relação sintática em que existe relação de dependência. Trata-se, na verdade, de modalidade de construção de períodos na qual uma oração subordinada depende de outra, principal. Ex.: Sei / que haverá o concurso. Enfim, em estruturas subordinadas, estabelecem-se relações de dependência sintática entre os termos e as orações.

Em síntese, na coordenação, as unidades linguísticas são independentes; na subordinação, as estruturas linguísticas são dependentes uma da outra e, na correlação, elas são interdependentes.

QUESTÕES DE CONCURSO
1. (UnB/CESPE – TSE – Analista Judiciário, aplicada em 14/1/2007)
O terreno da ética é o próprio chão onde estão fincadas as bases de uma sociedade. Essa construção é feita todos os dias. Há algo de imaterial em todos os edifícios políticos. Eles não estão aí por obra divina. Precisam ser reforçados permanentemente, por meio de atos significativos em que as pessoas reconheçam o interesse público. É isso que mantém a ordem pública, e não somente, nem, sobretudo, a força policial. Se as pessoas deixam de acreditar em uma ética subjacente ao dia-a-dia em um código de conduta que rege a ação dos políticos, pode-se prever que todo o edifício da sociedade estará ameaçado. O Globo, 30/11/2006, p. 6 (com adaptações).
Acerca das relações lógico-sintáticas textuais, as opções seguintes apresentam propostas de associação, mediante o emprego de conjunção, entre períodos sintáticos do texto acima. Assinale a opção que apresenta proposta de associação incorreta.
PERÍODO CONJUNÇÃO PERÍODO
A primeiro e segundo
B terceiro entretanto quarto
C quarto conquanto quinto
D quinto já que sexto

2. (UnB/CESPE – MRE / Curso de Preparação / Oficial de Chancelaria em 1º/11/2006)
As palavras de ligação são cruciais como elementos de coesão textual. Por explicitar as relações entre as idéias, tornam o texto mais claro e fácil de ser entendido. Em cada um dos itens a seguir, são apresentadas duas frases, intercaladas por uma proposta de ligação (entre parênteses). Sem se preocupar com outras mudanças a não ser a ligação entre as frases, estando elas em um único período e mantendo-se a ordem em que se encontram, julgue apenas se o elemento de coesão proposto é adequado.
a. Chovia torrencialmente. (contudo) O trabalho não pôde ser concluído.
b. O funcionário foi despedido. (e) Abandonou o trabalho sem concluí-lo.
c. A secretária não se intimidou. (apesar de) O chefe era muito severo.
d. O projeto é muito oneroso. (pois) O departamento não pode aceitá-lo.
e. Aquela é uma indústria rica. (por isso) A população do bairro local é pobre.
Comentários:
Texto reescrito com a sugestão da banca: O terreno da ética é o próprio chão onde estão fincadas as bases de uma sociedade. E essa construção é feita todos os dias. Há algo de imaterial em todos os edifícios políticos. Entretanto, eles não estão aí por obra divina. Conquanto precisam ser reforçados permanentemente, por meio de atos significativos em que as pessoas reconheçam o interesse público, já que é isso que mantém a ordem pública, e não somente, nem, sobretudo, a força policial. Se as pessoas deixam de acreditar em uma ética subjacente ao dia-a-dia em um código de conduta que rege a ação dos políticos, pode-se prever que todo o edifício da sociedade estará ameaçado.
Conforme visto, as conjunções coordenativas e subordinativas são elementos de coesão e estabelecem sentido entre as idéias. No texto, a ideia de adição entre o primeiro período e segundo foi expressa pela conjunção e; a idéia de oposição entre o terceiro e o quarto, pela conjunção adversativa entretanto; a idéia de conclusão entre o quarto o quinto foi expressa, equivocadamente, pela conjunção concessiva conquanto e, por fim, a ideia de causa entre o quinto e o sexto, pela conjunção causal já que.
Em vista disso, a única proposta incorreta é a letra C, pois entre o quinto e o sexto períodos há relação lógico-semântica de conclusão (logo, portanto, por isso, por conseguinte), e não de concessão (embora, conquanto, posto que, ainda que).